O desejo e o falso self em Winnicott
O desejo e o falso self em Winnicott Poucas ideias em psicanálise são tão atuais quanto a noção de falso self formulada por Donald Winnicott. Basta abrir a porta do consultório para perceber que grande parte do sofrimento contemporâneo não nasce de conflitos explosivos, mas de um silenciamento lento do desejo. O sujeito chega funcional, educado, produtivo, aparentemente ajustado, mas com uma sensação persistente de vazio . Vive, trabalha, se relaciona, mas não se sente vivo. Quando fala, algo soa correto demais. Quando deseja, hesita. Quando escolhe, parece sempre escolher para alguém. Winnicott foi preciso ao mostrar que o falso self não é uma patologia em si. Ele nasce como uma solução. Diante de um ambiente que falha em acolher os gestos espontâneos do bebê, a criança aprende cedo demais a se adaptar . Aprende a responder ao desejo do outro antes mesmo de reconhecer o próprio. Esse movimento garante sobrevivência psíquica, mas cobra um preço alto: o afastamento progressivo do ...