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Mostrando postagens com o rótulo Inconsciente

Magda B. Arnold

A Memória e o Cérebro : Reflexões a partir de Magda B. Arnold Introdução: o espelho quebrado da memória A memória é o palco invisível onde nossa vida se representa. Tudo o que somos, nossas dores, alegrias e experiências, depende dessa capacidade misteriosa de reter e evocar o vivido . Mas até que ponto a memória é fiel? Até que ponto ela reconstrói e inventa, ao invés de apenas registrar? Essa pergunta acompanha filósofos, psicanalistas e neurocientistas há séculos. Entre os estudiosos modernos, a psicóloga Magda B. Arnold destacou-se por suas pesquisas sobre emoção, percepção e memória , trazendo luz à relação íntima entre cérebro, afeto e lembrança. Pensar a memória é pensar a identidade. É revisitar o fio que nos une ao passado e nos projeta para o futuro. Nesse artigo vamos explorar como Magda Arnold compreendeu a memória, como suas ideias dialogam com a psicanálise e com a neurociência, e por que pensar sobre isso pode transformar o modo como lidamos com nós mesmos. Quem fo...

Culpa e Vergonha - Estudos Sobre o Superego

Culpa  e  vergonha  são feridas silenciosas da alma, moldadas pela mão invisível do  Superego  - essa  instância psíquica  que  vigia ,  censura ,  corrige  e  pune . São afetos primordiais, enraizados no processo de civilização e internalização das normas sociais, cujas raízes se entrelaçam com o desejo de pertencimento e com o medo da exclusão. Na tradição psicanalítica, são dois modos distintos, porém complementares, de o sujeito ser afetado por suas faltas  reais  ou  imaginárias . A etimologia nos ilumina. A palavra “culpa” vem do latim  culpa , que significa “falta”, “erro”, “falha”. Já “vergonha” deriva do latim  verecundia , que está ligada a “temor respeitoso”, pudor ou recato. Ambas emergem da tensão entre o desejo e a interdição, entre o princípio do prazer e o da realidade. Mas enquanto a culpa exige expiação diante de uma autoridade interiorizada, a vergonha prefere o silêncio e o ocultamen...

A Traição: espelho do desejo, fenda do sujeito

A Traição: espelho do desejo, fenda do sujeito A traição é, talvez, uma das experiências humanas mais difíceis de assimilar. Quem a sofre sente-se atingido em sua dignidade, em sua confiança, na estrutura que sustentava uma relação. Quem a comete, muitas vezes, encontra-se dividido entre o impulso e a culpa, entre o desejo e o interdito . Culturalmente associada à deslealdade, à quebra de confiança, à ferida narcísica, a traição é mais do que um ato moralmente reprovável. É, para a psicanálise, um fenômeno que revela as camadas subterrâneas do desejo humano, suas ambiguidades, suas faltas, suas fantasias . O que nos trai, afinal? Seria o outro ou nosso próprio desejo? É possível trair alguém sem, antes, trair a si mesmo? Para começar a pensar a traição à luz da psicanálise, é necessário abandonar as categorias binárias de certo e errado, inocente e culpado. Freud nos ensinou que o sujeito é dividido, movido por pulsões que nem sempre obedecem à lógica da moral ou da consciência. A t...

A Teoria do Inconsciente em Psicanálise

A Teoria do Inconsciente em Psicanálise Etimologicamente, a palavra “inconsciente” vem do latim in- (não) + conscientia (conhecimento). Literalmente, algo que não é conhecido. Desde sua origem, ela carrega a tensão entre o saber e o oculto. Essa tensão ilumina o núcleo da psicanálise que é a existência de processos psíquicos que moldam nosso pensar, sentir e agir sem que tenhamos acesso direto. Na psicanálise de Freud, o inconsciente emerge como descoberta revolucionária, fundamental para entender a subjetividade. Freud observou, em pacientes histéricas e em fenômenos como atos falhos, sonhos, sintomas, que existiam conteúdos psíquicos ativos, recalcados, que exerciam pressão contínua sobre a consciência ( Ipa World ). Quando, na obra “O Inconsciente” (1915), ele defendeu que sem esse conceito seria impossível explicar vários fenômenos mentais, ele estava estabelecendo a metapsicologia do aparelho psíquico ( Ipa World ). A topografia freudiana divide a mente em inconsciente, pré‑...