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Mostrando postagens com o rótulo Desejo

Atravessar o fantasma na psicanálise lacaniana: o encontro com a falta e a liberdade do desejo

Atravessar o fantasma na psicanálise lacaniana: o encontro com a falta e a liberdade do desejo Você já parou para pensar que muito do que chamamos de vida é guiado por um roteiro invisível? Lacan chamou esse roteiro de fantasma. É uma cena interna, quase um teatro silencioso, que dá sentido ao nosso desejo e ao nosso sofrimento. Mas o que acontece quando percebemos que esse teatro não é a vida real, e que somos mais do que o personagem que atuamos? É aqui que entra um dos conceitos mais provocativos da psicanálise lacaniana: atravessar o fantasma. Essa é a experiência em que o sujeito se separa da ilusão que sustenta suas repetições e aceita a falta como algo constitutivo, não para eliminá-la, mas para lidar com ela de forma criativa e responsável. O que é o fantasma para Lacan Na teoria lacaniana, o fantasma é a estrutura imaginária que organiza o desejo . Ele é formado pelas marcas do inconsciente , pelas experiências com o outro e pelas perdas iniciais que moldam nossa subjetiv...

Todo aquele que se destaca será atacado: o que a psicanálise fala sobre?

Prefiro ser um eterno Mestre Aprendiz do que um Aprendiz Mestre! Todo aquele que se destaca será atacado: o que a psicanálise fala sobre? Introdução: o preço de brilhar Vivemos em uma sociedade onde destacar-se é ao mesmo tempo uma bênção e uma condenação . Aquele que ousa ultrapassar a mediocridade, que se expõe, cria, lidera ou simplesmente não se conforma, inevitavelmente desperta tanto admiração quanto hostilidade . É como se a luz do indivíduo que se destaca provocasse sombras nos outros, revelando inseguranças, ressentimentos e desejos recalcados . Mas por que o sucesso, a originalidade ou a diferença geram tanto ataque? A psicanálise oferece respostas profundas para esse fenômeno humano, que não é novo, mas se repete em diferentes épocas, culturas e contextos sociais . Neste artigo, vamos mergulhar no olhar psicanalítico sobre a inveja, o narcisismo ferido, o recalque coletivo e o funcionamento inconsciente que leva as pessoas a atacar justamente aquele que traz algo de nov...

A Traição: espelho do desejo, fenda do sujeito

A Traição: espelho do desejo, fenda do sujeito A traição é, talvez, uma das experiências humanas mais difíceis de assimilar. Quem a sofre sente-se atingido em sua dignidade, em sua confiança, na estrutura que sustentava uma relação. Quem a comete, muitas vezes, encontra-se dividido entre o impulso e a culpa, entre o desejo e o interdito . Culturalmente associada à deslealdade, à quebra de confiança, à ferida narcísica, a traição é mais do que um ato moralmente reprovável. É, para a psicanálise, um fenômeno que revela as camadas subterrâneas do desejo humano, suas ambiguidades, suas faltas, suas fantasias . O que nos trai, afinal? Seria o outro ou nosso próprio desejo? É possível trair alguém sem, antes, trair a si mesmo? Para começar a pensar a traição à luz da psicanálise, é necessário abandonar as categorias binárias de certo e errado, inocente e culpado. Freud nos ensinou que o sujeito é dividido, movido por pulsões que nem sempre obedecem à lógica da moral ou da consciência. A t...

A Fase Oral: Primeira Morada do Desejo e do Ser

A Fase Oral: Primeira Morada do Desejo e do Ser A fase oral é a primeira etapa do desenvolvimento psicossexual do ser humano segundo a teoria freudiana. Ela se estende, aproximadamente, do nascimento até o primeiro ano e meio de vida, marcando um período em que a boca é a principal zona erógena . No entanto, reduzir essa fase a uma simples questão de alimentação seria empobrecer profundamente sua complexidade. A oralidade não é apenas um estágio biológico ou fisiológico: é um lugar inaugural do encontro com o mundo, com o outro e, sobretudo, com o desejo. Para a psicanálise, o recém-nascido é um ser atravessado por uma radical dependência. Ele não se basta. Precisa do outro geralmente a mãe ou a figura materna para sobreviver. A satisfação das suas necessidades mais básicas não ocorre de modo automático, mas mediada por um campo de afetos, de cuidados, de palavras e de gestos. A boca, nesse cenário, torna-se o primeiro instrumento de relação com o mundo externo . Ao mamar, o bebê ...

O que é o desejo na psicanálise

O que é o desejo na psicanálise A palavra " desejo " nasce do latim desiderium , que carrega consigo o peso de uma ausência. Desejar é sentir falta de uma estrela que se apagou do céu da alma. Essa raiz etimológica já sussurra aquilo que a psicanálise ecoará de forma contundente: o desejo é falta. É aquilo que nos move, não pelo que temos, mas pelo que nos escapa. Desejar é dançar com a ausência, é caminhar sobre o abismo do que nunca se possui por completo. Na obra de Freud, o desejo é pulsão revestida de significação psíquica. Ele se manifesta como libido, essa energia que atravessa o corpo e o pensamento, moldando fantasias, sonhos, lapsos e repetições. Freud mostra que o desejo não se limita à satisfação de uma necessidade. Ao contrário, ele nasce justamente quando a necessidade não encontra um objeto pleno. A criança chora pelo seio da mãe, mas recebe, junto ao leite, o olhar, a voz, o tempo. O desejo surge como um resto, um excesso, uma sobra que insiste, que retorn...