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Mostrando postagens com o rótulo Desejo

De que forma o sujeito lida com o seu desejo

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De que forma o sujeito lida com o seu desejo "A psicanálise não oferece respostas prontas porque o desejo não suporta manuais. Ela oferece tempo, escuta e responsabilidade subjetiva." O desejo é uma palavra simples, curta, quase doméstica. Mas quando ela entra no consultório, muda de tom. O desejo não chega educado, não pede licença, não segue roteiro. Ele aparece torto, atrasado, disfarçado de sintoma, ansiedade, tédio, compulsão, depressão ou aquela frase clássica que todo clínico já ouviu: “eu não sei o que eu quero”. Essa frase, aliás, já diz muita coisa. O sujeito moderno não sofre por falta de desejo. Sofre porque não sabe o que fazer com ele. Freud foi direto desde o início. O desejo nasce do conflito. Não existe desejo puro, transparente, consciente. O desejo é atravessado pela falta, pelo recalque, pela interdição. Ele não aponta para um objeto claro, mas para algo perdido, algo que nunca foi totalmente possuído. Por isso o sujeito vive tentando tapar buracos com ob...

O desejo e o falso self em Winnicott

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  O desejo e o falso self em Winnicott Poucas ideias em psicanálise são tão atuais quanto a noção de falso self formulada por Donald Winnicott. Basta abrir a porta do consultório para perceber que grande parte do sofrimento contemporâneo não nasce de conflitos explosivos, mas de um silenciamento lento do desejo. O sujeito chega funcional, educado, produtivo, aparentemente ajustado, mas com uma sensação persistente de vazio . Vive, trabalha, se relaciona, mas não se sente vivo. Quando fala, algo soa correto demais. Quando deseja, hesita. Quando escolhe, parece sempre escolher para alguém. Winnicott foi preciso ao mostrar que o falso self não é uma patologia em si. Ele nasce como uma solução. Diante de um ambiente que falha em acolher os gestos espontâneos do bebê, a criança aprende cedo demais a se adaptar . Aprende a responder ao desejo do outro antes mesmo de reconhecer o próprio. Esse movimento garante sobrevivência psíquica, mas cobra um preço alto: o afastamento progressivo do ...

Metonímia: A Figura de Linguagem que Revela os Desejos Ocultos do Inconsciente

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Metonímia: A Figura de Linguagem que Revela os Desejos Ocultos do Inconsciente A linguagem é o palco onde o drama da existência humana se desenrola, e nela, certas figuras emergem como chaves mestras para desvendar a arquitetura do subconsciente .  A Metonímia , mais que um simples recurso estilístico, constitui um mecanismo fundamental na articulação do pensamento, da cultura e, surpreendentemente, da própria dinâmica psíquica . Sua compreensão não se limita ao campo da retórica, mas expande-se para a Psicanálise e a Neuropsicanálise , iluminando como a mente processa a substituição e a representação .  A etimologia da palavra, originária do grego metōnymía , que significa "mudança de nome" ( meta = mudança, onoma = nome) , já anuncia a essência do conceito: a troca de um termo por outro em virtude de uma relação de contiguidade ou proximidade .  Trata-se de uma transferência de significado que opera por conexão lógica, diferentemente da metáfora, que se baseia na si...