Pirro - a Psicanálise e o Mal-Estar Contemporâneo

Pirro - a Psicanálise e o Mal-Estar Contemporâneo
Pirro, a psicanálise e o mal-estar contemporâneo

Em português, o nome do filósofo se pronuncia assim:

- Pírro de Élis

  • Pirro: o i é fechado, com a tonicidade na primeira sílaba → PÍ-rro (o “rr” forte, como em “carro”).

  • Élis: o acento indica a tonicidade na primeira sílaba → É-lis.

Portanto, lê-se naturalmente como Pírro de Élis.

A psicanálise moderna, especialmente em Freud e Lacan, reconhece a precariedade da verdade absoluta. O inconsciente fala, mas nunca se deixa capturar por inteiro. Assim, a epoché pode ser entendida como uma postura clínica: ouvir sem se precipitar, acolher sem sufocar com diagnósticos apressados. Em uma época de diagnósticos rápidos, de manuais psiquiátricos que tentam classificar cada comportamento, Pirro soa como um lembrete incômodo de que viver com a dúvida pode ser mais humano do que viver de certezas frágeis.

Provocação ao leitor: precisamos mesmo de tantas certezas?

O pensamento de Pirro nos provoca porque ele questiona nosso apego às verdades imediatas. O que nos causa mais sofrimento: a realidade em si ou a necessidade de explicá-la a todo custo? Quantas vezes nos agarramos a narrativas prontas para evitar o vazio da dúvida? Talvez a epoché seja mais do que uma curiosidade filosófica da Grécia Antiga. Talvez seja um caminho para viver com menos ansiedade e mais abertura, reconhecendo que a vida não cabe em fórmulas definitivas.

Conclusão: um convite à reflexão

Pirro de Élis nos mostra que o ceticismo não é desespero, mas coragem. Coragem de não se perder nas ilusões das certezas e de aceitar que a vida é, em grande parte, inapreensível. Sua filosofia nos chama a uma humildade radical: não sabemos, e está tudo bem não saber. Essa postura, que atravessa séculos, ainda incomoda, ainda provoca e ainda nos convida a pensar. No fundo, a pergunta que Pirro deixa ecoar é simples e devastadora: será que suportamos viver sem certezas absolutas?

Referências bibliográficas

  • Bett, R. Pyrrho, His Antecedents and His Legacy. Oxford University Press, 2000.

  • Annas, J., Barnes, J. The Modes of Scepticism: Ancient Texts and Modern Interpretations. Cambridge University Press, 2000.

  • Popkin, R. The History of Scepticism: From Savonarola to Bayle. Oxford University Press, 2003.

  • Freud, S. O futuro de uma ilusão. Imago, 1997.

  • Lacan, J. Escritos. Zahar, 1998.

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