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POSTAGENS

A Teoria do Inconsciente em Psicanálise

A Teoria do Inconsciente em Psicanálise Etimologicamente, a palavra “inconsciente” vem do latim in- (não) + conscientia (conhecimento). Literalmente, algo que não é conhecido. Desde sua origem, ela carrega a tensão entre o saber e o oculto. Essa tensão ilumina o núcleo da psicanálise que é a existência de processos psíquicos que moldam nosso pensar, sentir e agir sem que tenhamos acesso direto. Na psicanálise de Freud, o inconsciente emerge como descoberta revolucionária, fundamental para entender a subjetividade. Freud observou, em pacientes histéricas e em fenômenos como atos falhos, sonhos, sintomas, que existiam conteúdos psíquicos ativos, recalcados, que exerciam pressão contínua sobre a consciência ( Ipa World ). Quando, na obra “O Inconsciente” (1915), ele defendeu que sem esse conceito seria impossível explicar vários fenômenos mentais, ele estava estabelecendo a metapsicologia do aparelho psíquico ( Ipa World ). A topografia freudiana divide a mente em inconsciente, pré‑...

Reflexões sobre O Som de Muitas Águas, da escritora DoCouto

Reflexões sobre O Som de Muitas Águas, da escritora DoCouto

Um convite ao mergulho simbólico no fluxo da existência

Ao folhear cada página de O Som de Muitas Águas sinto-me como quem se aproxima de um rio ancestral. Um rio que não carrega apenas água, mas memórias, sonhos e vertigens psíquicas. A autora, DoCouto, entrega-nos uma narrativa que é ao mesmo tempo convite e respiro. Sua escrita é prosa poética que ecoa as vozes invisíveis que vivem em nós. O Livro está disponível na Amazon e anuncia seu alcance entre leitores que buscam introspecção e renovação.

Entre a filosofia e o símbolo do fluxo

A leitura se torna rito. Cada fluxo narrativo remete à proposta filosófica do tempo como rio e do sentido como correnteza. O simbolismo da água atravessa metáforas que habitam o inconsciente. No silêncio das correntes, o leitor reconhece fragmentos de si mesmo. Há ecos de Heráclito e Lacan, ambos fascinados pela fluidez e pela linguagem. Aqui, a água é discurso que não se escreve apenas com palavras, mas com imagens internas, emoções e pausas.

Poética da subjetividade e profundidade psicanalítica

A associação com a psicanálise se faz sutil e potente. A autora sugere que, como na análise, precisamos atravessar as águas escuras para encontrar nossos tesouros. O sintoma, a saudade, o receio de afogar-se em si mesmo, tudo se expressa nesta corrente literária. Cada capítulo nos relembra uma sessão analítica, onde o sujeito leitor se confronta com a própria vulnerabilidade. Nas entrelinhas, percebe-se que a dor e o desejo são águas irmãs. E que só emergimos inteiros se aprendemos a navegar.

Narrativa sensorial e experiência viva

DoCouto não se contenta com o abstrato. Seu texto convida o leitor a sentir a água na pele, a ouvir seu murmúrio interior. A escrita transforma-se em instrumento sensorial. A descrição da corrente, dos reflexos da luz na água, do peso ou da leveza do corpo que se deixa fluir, tudo nos coloca no presente. A narrativa transforma-se em meditação poética, gerando um espaço simbólico onde tempo e corpo reencontram-se.

O efeito transformador da leitura

Ler este livro é experienciar simbolicamente uma drenagem existencial. A narrativa permite soltar pedras acumuladas no fundo do nosso rio interior. Cada palavra tem potencial de atravessar bloqueios, deixando o sujeito mais leve, mais escuta, mais aberto ao próprio fluxo. A experiência de leitura não apenas preenche o vazio, mas o habita com sentido. Situa-se entre o ensaio filosófico e a poética do quotidiano, gerando uma transformação simbólica interna.

Para você que busca um presente para uma pessoa querida, este livro é perfeito pois ele dialoga com a alma, reverbera no silêncio do inconsciente e oferece espaço simbólico para reflexões sobre o fluxo da vida! 

Referência bibliográfica

1. DoCOUTO. O Som de Muitas Águas

Para adquirir o livro clique aqui

Reflexões sobre O Som de Muitas Águas, da escritora DoCouto

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