Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de julho 20, 2025

Meditação

  Meditação A palavra “meditação” origina-se do latim meditatio , vem do verbo meditari , significando pensar profundamente, refletir, considerar. Etimologicamente, também se liga à raiz indo-europeia med , que expressa a ideia de medir, ponderar e exercer cuidado. Desde seu nascimento, o termo sugere mais do que um simples pensar: traz em si o convite ao recolhimento interior, à atenção silenciosa e ao encontro com aquilo que pulsa por detrás do barulho mental. Meditar, portanto, é um gesto radical de retornar ao centro, de buscar em si mesmo uma escuta mais refinada, menos ruidosa, mais presente. A meditação é uma prática ancestral. No Oriente, suas raízes atravessam o hinduísmo, o budismo, o taoismo, com práticas como o dhyāna , o zazen e a atenção plena. No Ocidente, também há traços contemplativos importantes, como a meditatio cristã de místicos como Mestre Eckhart, João da Cruz ou a lectio divina nos monastérios. Cada uma dessas tradições convergem em algo essencial: aqui...

Anedonia: quando o prazer desaparece e o desejo se cala

Anedonia: quando o prazer desaparece e o desejo se cala A anedonia é definida pela perda da capacidade de sentir prazer  um sintoma poderoso que impede a experiência de satisfação em atividades antes agradáveis: relações, trabalho, lazer, comida ou sexo. Frequentemente associada à depressão, ela emerge também em quadros de ansiedade, esquizofrenia, transtornos de personalidade e uso de substâncias ( Fãs da Psicanálise ). 1. Caráter clínico do sintoma No campo médico, a anedonia é um indicador central de transtorno depressivo maior , presente em aproximadamente 70 % dos casos ( Sanarmed ). O DSM‑5 entende que ela cobre tanto a redução da antecipação do prazer (desejar) quanto a experiência consumatória (sentir) ( Wikipedia , Sanarmed ). A explicação neurobiológica aponta para uma disfunção no sistema de recompensa do cérebro: envolve disfunções no núcleo accumbens , no estriado ventral , na córtex pré-frontal (orbitofrontal e medial ventromedial), e baixos níveis de dopamina...

Aprofundando as Articulações de Totem e Tabu de Freud com Jacques Lacan e Claude Lévi-Strauss

1. Lévi-Strauss: O estruturalismo e a troca como fundamento da cultura Claude Lévi-Strauss, antropólogo francês, lê Totem e Tabu como uma tentativa pioneira, ainda que especulativa de pensar a origem das estruturas sociais. Em sua obra "As estruturas elementares do parentesco" (1949) , ele retoma a tese freudiana do tabu do incesto, mas desloca o foco do parricídio mítico para a troca de mulheres como base estruturante da sociedade . Para Lévi-Strauss, o tabu do incesto não deve ser visto apenas como proibição, mas como condição de possibilidade para a aliança entre grupos . Ao impedir a união sexual dentro do mesmo clã, a cultura obriga os indivíduos a buscar parceiros fora do grupo — é o que ele chama de exogamia , e isso funda o tecido social. A troca de mulheres é, portanto, a primeira forma de circulação simbólica: ao ceder a mulher, o grupo se insere em uma rede de alianças e obrigações. Lévi-Strauss reconhece a importância de Freud em apontar para uma estrutura inc...

Totem e Tabu

Em Totem e Tabu , Freud propõe uma investigação ousada ao buscar correspondências entre o funcionamento psíquico de povos considerados “primitivos” e os processos inconscientes observados em pacientes neuróticos da clínica psicanalítica. A partir de quatro ensaios, ele traça um elo entre o mundo da antropologia e a teoria psicanalítica, inaugurando aquilo que podemos considerar o início de uma antropologia psicanalítica. Essa obra não apenas estende os limites da psicanálise, como propõe que os fundamentos da cultura humana estão enraizados nos conflitos e mecanismos inconscientes que atuam na constituição do sujeito . O primeiro tema central é o totemismo . Freud parte do estudo de sociedades tribais australianas para observar que seus membros se organizam em clãs regidos por um “totem”, geralmente um animal ou planta, que atua como símbolo protetor, ancestral comum e força sagrada. Os membros de um mesmo clã não podem ferir, matar ou consumir seu totem. Além disso, há regras rígida...

A Teoria do Inconsciente em Psicanálise

A Teoria do Inconsciente em Psicanálise Etimologicamente, a palavra “inconsciente” vem do latim in- (não) + conscientia (conhecimento). Literalmente, algo que não é conhecido. Desde sua origem, ela carrega a tensão entre o saber e o oculto. Essa tensão ilumina o núcleo da psicanálise que é a existência de processos psíquicos que moldam nosso pensar, sentir e agir sem que tenhamos acesso direto. Na psicanálise de Freud, o inconsciente emerge como descoberta revolucionária, fundamental para entender a subjetividade. Freud observou, em pacientes histéricas e em fenômenos como atos falhos, sonhos, sintomas, que existiam conteúdos psíquicos ativos, recalcados, que exerciam pressão contínua sobre a consciência ( Ipa World ). Quando, na obra “O Inconsciente” (1915), ele defendeu que sem esse conceito seria impossível explicar vários fenômenos mentais, ele estava estabelecendo a metapsicologia do aparelho psíquico ( Ipa World ). A topografia freudiana divide a mente em inconsciente, pré‑...

O que é o desejo na psicanálise

O que é o desejo na psicanálise A palavra " desejo " nasce do latim desiderium , que carrega consigo o peso de uma ausência. Desejar é sentir falta de uma estrela que se apagou do céu da alma. Essa raiz etimológica já sussurra aquilo que a psicanálise ecoará de forma contundente: o desejo é falta. É aquilo que nos move, não pelo que temos, mas pelo que nos escapa. Desejar é dançar com a ausência, é caminhar sobre o abismo do que nunca se possui por completo. Na obra de Freud, o desejo é pulsão revestida de significação psíquica. Ele se manifesta como libido, essa energia que atravessa o corpo e o pensamento, moldando fantasias, sonhos, lapsos e repetições. Freud mostra que o desejo não se limita à satisfação de uma necessidade. Ao contrário, ele nasce justamente quando a necessidade não encontra um objeto pleno. A criança chora pelo seio da mãe, mas recebe, junto ao leite, o olhar, a voz, o tempo. O desejo surge como um resto, um excesso, uma sobra que insiste, que retorn...