A Traição: espelho do desejo, fenda do sujeito
A Traição: espelho do desejo, fenda do sujeito A traição é, talvez, uma das experiências humanas mais difíceis de assimilar. Quem a sofre sente-se atingido em sua dignidade, em sua confiança, na estrutura que sustentava uma relação. Quem a comete, muitas vezes, encontra-se dividido entre o impulso e a culpa, entre o desejo e o interdito . Culturalmente associada à deslealdade, à quebra de confiança, à ferida narcísica, a traição é mais do que um ato moralmente reprovável. É, para a psicanálise, um fenômeno que revela as camadas subterrâneas do desejo humano, suas ambiguidades, suas faltas, suas fantasias . O que nos trai, afinal? Seria o outro ou nosso próprio desejo? É possível trair alguém sem, antes, trair a si mesmo? Para começar a pensar a traição à luz da psicanálise, é necessário abandonar as categorias binárias de certo e errado, inocente e culpado. Freud nos ensinou que o sujeito é dividido, movido por pulsões que nem sempre obedecem à lógica da moral ou da consciência. A t...